Ciclista é acusada de agredir árbitra durante Campeonato Goiano
Representante do Brasil em três Olimpíadas, a ciclista Janildes Fernandes, 41, está sendo acusada de agressão por uma árbitra da modalidade. A confusão aconteceu no último dia 3, durante o Campeonato Goiano, quando a veterana, que é também presidente da Federação Goiana, teria tentado dar um soco em Izis Alfaia, que além de árbitra era tesoureira da entidade. Em relato feito à polícia, Izis disse ter sido agredida depois que a comissão de árbitros responsável pela prova decidiu punir a ciclista que chegou em terceiro lugar na prova, Mayla Moraes, por ter dado uma fechada em uma rival nos metros finais do evento disputado em Senador Canelo (GO). Janildes, que ganhou a prova, não viu o incidente, mas saiu em defesa de Mayla, que é sua amiga.
“O comissário comunicou a menina e ela de imediato comunicou a Janildes, que levantou, do outro lado da pista, pegou uma daquelas grades de contenção e jogou no meio da pista. Todo mundo assustou, eu me assustei, e quando eu vi, ela estava vindo na minha direção para me dar um soco, gritando meu nome. Como eu tava com a prancheta, eu bloqueei o soco, mas ela me empurrou. Quando eu caí no chão, ela continuou tentando me agredir”, contou a árbitra à coluna.
Saindo da prova, Izis foi à delegacia e registrou um boletim de ocorrência. Um exame de corpo delito no IML confirmou edemas causados pela queda. Inconformada com a agressão, Izis renunciou ao cargo de tesoureira da Federação Goiana em carta que publicou nas redes sociais. Outros membros da diretoria a acompanharam, deixando Janildes sozinha na diretoria.
Janildes faz parte do “clã-Fernandes”, que dominou o ciclismo de estrada feminino no país na maior parte do século, mas está envolvido em vários casos de doping. Clemilda, que foi às Olimpíadas de Pequim-2008, Londres-2012 e Rio-2016, está cumprindo sua segunda suspensão, desta vez por adulteração em teste antidoping. Márcia, irmã das duas, foi pega no antidoping por EPO em 2014, após ser campeã brasileira. Uênia, prima das três, também foi flagrada em 2016 pelo uso do mesmo hormônio sintético.
De todo o clã, só Janildes, que foi às Olímpiadas de 2000, 2004 e 2012, nunca caiu no doping. Ela recentemente passou a ocupar posições políticas dentro do ciclismo, elegendo-se para o comando da Federação Goiana e para o Conselho de Administração da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC). Denunciada ao STJD da entidade pela agressão, ela perderá o posto se vier a ser punida.
A reportagem fez contato com Janildes pelo Whatsapp, pedindo um comentário sobre a acusação, mas ela não respondeu. Caso haja resposta, esta reportagem será atualizada.
Fonte: Demétrio Vecchioli | UOL Esportes