PMs são indiciados por morte de jovem com câncer que foi agredido durante abordagem em Goiânia

PMs são indiciados por morte de jovem com câncer que foi agredido durante abordagem em Goiânia

Boletim de ocorrência conta que o rapaz foi comprar um refrigerante em uma distribuidora de bebidas quando foi abordado e agredido na cabeça. Ele ficou em uma UTI seis dias antes de morrer.

A Polícia Civil pediu a prisão preventiva e indiciou por homicídio dois policiais militares pela morte do barbeiro Chris Wallace da Silva, de 24 anos, que tinha câncer e morreu seis dias após ser abordado por eles na rua de casa, em Goiânia. Segundo o delegado Ernane Cázer, que concluiu a investigação, o rapaz foi agredido durante a abordagem.

A defesa dos PMs Bruno Rafael da Silva e Wilson Luiz Pereira de Brito Júnior disse que o pedido de prisão é prematura, já que eles não foram denunciados e ainda não tem uma ação penal em andamento. Os PMs têm residência fixa, segundo a defesa, e não há elementos que demonstrem que a liberdade deles representa risco ao processo

O delegado argumenta no inquérito que, durante a abordagem, os PMs assumiram o risco da morte de Chris Wallace, mesmo sem intenção, e que o laudo cadavérico apontou várias lesões por ação contundente, que causou um traumatismo craniano, provocado pela violência empregada na abordagem.

Um dos motivos dos pedidos de prisão preventiva, segundo o delegado, é que o policial Bruno Rafael da Silva entrou em contato com a irmã da vítima e que poderia ter prejudicado a obtenção de informações. Por isso, a prisão seria necessária para impedir que o militar acabe intimidando testemunhas.

Abordagem

Chris Wallace da Silva foi abordado em 10 de novembro deste ano. Ele tinha saído de casa para ir a uma distribuidora de bebidas comprar refrigerante, no residencial Fidélis. Na rua de casa, ele foi abordado e agredido pelos PMs, segundo a investigação.

O relatório médico atestou que ele teve traumatismo na cabeça por espancamento, contusões no abdômen e nos pulmões.

Por causa da gravidade dos ferimentos, o jovem precisou ser internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu e morreu seis dias depois.

A família disse que ele lutava contra um câncer nos ossos, chamado mieloma múltiplo, há cerca de 10 anos. O boletim de ocorrência conta que o rapaz teria dito aos PMs que tinha câncer e pediu para não ser agredido por causa da saúde fragilizada. Contudo, conforme o inquérito, a agressão continuou.

A mãe contou ainda que o filho chegou em casa e correu para o banheiro, onde teve crises convulsivas e vomitou sangue. Uma ambulância foi chamada pela família e levou o rapaz ao hospital.

Nota da defesa

A regra constitucional é da presunção da inocência do cidadão, não se admitindo antecipação de qualquer tipo de punição, sem que se tenha tido um processo no qual seja assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa.

Seria prematura a prisão preventiva dos policiais nesse momento, tendo em vista que eles não foram denunciados, e ainda não se tem sequer uma ação penal instaurada.

Os suspeitos são policiais militares, com residência fixa, e não há nenhum elemento que demonstre que a sua liberdade represente algum tipo de risco à ordem publica, à instrução processual, ou à aplicação da lei penal.

A defesa buscará todos os meios legais disponíveis para garantir a liberdade desses policiais.

Fonte: G1

Compartilhe